CAMPANHA ELEITORAL 2016: GM ENTREVISTA PADRE JUCELINO

 

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No último sábado, dia 19 de dezembro, o cenário político Miriense ferveu com a divulgação de que o Padre Jucelino Neves teria aceitado ser pré-candidato a prefeito de Igarapé-Miri.

Se confirmada a candidatura, será o primeiro Padre Católico a tentar chegar ao Palacete Senador Garcia durante a longa história da Terra do Açaí.

Muitos eleitores foram tomados de surpresa, mas pelas ruas da cidade já faz algum tempo que se comenta essa candidatura e muitos tem feito apelos para que o pároco aceite ingressar na vida pública.

O fato não agradou alguns aliados de outros pré-candidatos, pois era dada como certa a falta de nomes forte no PT Miriense para o pleito de 2016, pois Roberto Pina teria impedimento legal para concorrer ao pleito e os demais nomes não teriam musculatura suficiente para enfrentar a disputa.

Pois bem, a cúpula do PT se reuniu e ao que parece foi unânime em sufragar Jucelino Neves como pré-candidato a Prefeito em 2016. O fato contou com a participação da principal estrela do PT no Pará, no caso o Senador Paulo Rocha, que levou mais de 25 mil votos de eleitores Mirienses no último pleito.

O deputado Zé Geraldo e todas as lideranças municipais e da região também se fizeram presentes e aplaudiram a decisão do Partido dos Trabalhadores, que divulgou meses atrás que um processo interno estava em tramitação.

Em bocas miúdas também circula a informação que uma pesquisa eleitoral havia sido realizada na Terra do Açaí em dezembro e o nome de Padre Jucelino já despontaria como bem cotado para o próximo pleito.

Fofocas ou maldades à parte, o certo é que a reunião com o indicativo da pré-candidatura aconteceu com sucesso e levantou grande rebuliço.

O GM fez contado com o padre Jucelino para uma entrevista e ele topou responder os questionamento do blog.

Agradecemos a ele pela atenção e por ter dado esclarecimentos importantes para a sociedade Miriense.

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Vejam a entrevista exclusiva:

GM: Padre Jucelino, o senhor confirma que aceitou ser pré-candidatoo pelo PT em 2016 em Igarapé-Miri ?

Pe. Jucelino: Dos cinco anos que estão se completando que estou aqui em Igarapé-Miri, já fazem um pouco mais de dois anos que tenho sido provocado por populares a aceitar essa possibilidade de me candidatar ao cargo eletivo majoritário, no entanto procurei desviar o assunto em outros e dando as mais diversas desculpas. Contudo, depois da eleição suplementar, não sei de que forma ou por quem, começaram a espalhar que eu seria candidato na eleição do ano de 2016.

Muitos já confirmavam que eu seria candidato, sempre disse que não, pois não era filiado a nenhum partido. Devido aos comentários sobre as articulações políticas, com as quais nem sempre comungava, procurei participar dessa construção de idéias mas isso só seria possível se eu me filiasse a um partido e, com essa intenção me filiei. Quando começaram a dizer que eu seria candidato cheguei a solicitar minha desfiliação.

Como no cenário político atual o meu nome tem chamado atenção,e por ter a confiança de muitas pessoas, o partido dos trabalhadores me fez o convite para ser o candidato dele na próxima eleição, mas vou avaliar muito para dar uma resposta em definitivo, contudo não me nego à possibilidade. Até então eu sou o pré-candidato do partido.

GM: Como ficará sua relação com a Igreja Católica? O Senhor irá pedir licença das funções de padre para se dedicar a essa participação política e depois à campanha eleitoral?

Pe. Jucelino: As pessoas logo querem saber se o padre que se candidata deixa de ser padre. O padre que se candidata é licenciado de suas funções sacerdotais para que fique livre para o processo eleitoral nas mesmas condições dos concorrentes, mas não falará em nome da Igreja e nem intervirá em suas ações, até que tudo passe. Isso vale tanto para o período eleitoral quanto para o mandato, caso eleito. Como também, a Igreja não interfere em nenhum período para poder continuar sua missão com total liberdade e justiça.

GM: O que lhe motivou a aceitar iniciar o ingresso na vida política Miriense?

Pe. Jucelino: Não me considero e nem pretendo ser político, principalmente nos moldes estereotipados. Sou um trabalhador/administrador, sacerdote que tem sofrido as dores e angustias desse povo de Deus a mim confiado aqui em Igarapé-Miri. Se se concretizar a candidatura, será só para esse pleito e não mais. E diante dos problemas que este nosso município enfrenta, me sinto provocado, questionado a dar uma resposta além do meu trabalho em coisas que não é minha função e nem está no meu poder de gerenciamento, mas, necessárias ao equilíbrio e bem-estar da sociedade.

GM: Até quando o senhor irá permanecer como dirigente da Paróquia de Sant’Ana ?

Pe. Jucelino: Até o primeiro domingo da Quaresma.

GM: O senhor escolheu o PT para se filiar mesmo com todos os problemas enfrentados pela sigla nos últimos anos. O que lhe levou a escolher esse partido?

Pe. Jucelino: Todo partido é movido por um código ético que traça seu perfil. O Partido dos Trabalhadores traçou o seu na justiça social e, para isso tinha um longo caminho a percorrer. Ao longo desse itinerário, muitos que não se identificam com a índole do partido mas se associaram a ele, viram a possibilidade de chegar ao poder, outros saíram do partido por não se disporem às reivindicações, que é a marca do partido, e se juntaram a grupos intimistas na busca daquilo que lhe convém. O fato é que a conjuntura política condensa e mostra a mentalidade social. E em nossos dias há uma grande necessidade de se rever a inserção de muitos membros e fazer uma depuração.

O partido está passando por uma triagem necessária mas, o que mais me intriga não é a situação do partido, mas as alianças com partidos que nada somam e vivem de barganha nos governos. O Partido dos Trabalhadores tem que renovar seu compromisso com o povo e apresentar interlocutores que façam a diferença. Nesse sentido vejo aqui em Igarapé-Miri um grande esforço do partido para manter seu compromisso com o povo.

GM: Em Igarapé-Miri vários pastores de igrejas evangélicas já foram candidatos e alguns exerceram cargos, mas é a primeira vez que se tem notícia de que um padre tenha aceitado ser candidato. O senhor se sente preparado para esse desafio e para as críticas que poderá sofrer ?

Pe. Jucelino: Ninguém tem a obrigação de saber tudo, o que se deve saber é o que se precisa e onde fazer. E ter voz de comando.Seria muita arrogância da minha parte dizer que sei tudo. A administração pública é muito complexa e para isso existem profissionais qualificados para cada área.

Quanto às críticas,prefiro estar exposto a elas do que levar uma vida medíocre e rancorosa. Críticas quando feitas com responsabilidade, descortinam horizontes cerrados aos olhos dos indiferentes aos problemas sociais. Ninguém pode ser privado da liberdade de expressão, mas aquele que se expressa tem que ter responsabilidade com o que fala. Só não se pode ser desrespeitoso com ninguém.

Para mim as críticas tem relevância quando vem de alguém que convive próximo de mim, me conhece, conhece meu trabalho e se já fez ou faz melhor do que eu. De preferência que seja nas mesmas ou em piores condições que me encontrei e fiz. Aí eu tomo como exemplo e até me inspiro, fora disso, ignoro.

GM: Na sua visão, quais os principais problemas a serem enfrentados pela administração pública em Igarapé-Miri ?

Pe. Jucelino: Os problemas são diversos, mas está acentuado na violência. Mas a violência é resultado de anos de falência das instituições públicas. Um exemplo é a secretaria de segurança pública do estado que agoniza diante da demanda e não consegue se estruturar. Se pelo menos parte da segurança pública fosse municipalizada acredito que seria bem mais fácil para controlar o índice de violência no município. Como é de domínio do Estado e o Estado é muito ausente, fica muito mais difícil.

Diante disso está a ingerência dos governos municipais em muitas secretarias e programas sociais, sem o alcance necessário para sanar os diversos problemas. Mas o governo municipal pode fazer muita coisa. Fazer investimentos nas secretarias para que tenham estrutura física funcional, equipamentos atualizados, ferramentas de trabalho suficiente para os funcionários, ruas bem organizadas, limpeza e iluminação pública, educação e saúde com maior qualidade, esporte e cultura, geração de emprego e renda…, tudo issovai ajudar a diminuir os problemas que hoje vivemos em nosso município.

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Lúcio Flávio Pinto

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